O aumento exponencial das doenças cardiovasculares (DCV), mesmo em regiões e faixas etárias onde antes não eram comuns, tem impulsionado uma nova abordagem nos cuidados de saúde e um novo paradigma do estilo de vida. No Dia Mundial do Coração, é fundamental refletir sobre a alta prevalência das doenças cardíacas na população e promover uma maior consciencialização sobre sua gravidade e impacto no quotidiano das populações.
A incidência de Doenças Cardiovasculares está a aumentar rapidamente em África e este grupo de doenças está agora a tornar-se um problema de saúde pública.
É por isso evidente, a necessidade urgente de garantir cuidados de saúde acessíveis e de qualidade ao nível global, considerando também, as crises humanitárias recentes e o stress que lhes está associado.
A saúde é fundamental para o bem-estar das populações, sendo a base sobre a qual se constrói a prosperidade. Sem saúde, a continuidade da humanidade é comprometida, e o aumento da esperança média de vida torna-se inalcançável. Uma população saudável é sinónimo de uma força de trabalho capaz, forte e resiliente, que contribui significativamente para o desenvolvimento social e económico dos países. Sociedades com sistemas de saúde robustos têm uma maior capacidade de maximizar o seu potencial e de moldar futuros com maior qualidade de vida.
Em África, a situação da saúde apresenta um panorama complexo e desafiador. Com uma população que ultrapassa 1 bilhão de pessoas, o continente enfrenta uma carga significativa de doenças, incluindo as doenças cardiovasculares (DCV). Em 2019, mais de 1 milhão de mortes foram atribuídas a DCV só na África Subsaariana e estima-se que estas irão ultrapassar aquelas que são causadas pelas doenças infecciosas, podendo tornar-se a principal causa de morte no continente até 2030.
Neste sentido, a melhoria e acessibilidade aos cuidados de saúde é tema central das principais agendas globais. Segundo o Banco Mundial, nos últimos anos houve um aumento significativo nos investimentos na área da saúde na África Subsaariana, com muitos países a atribuírem uma parte crescente do seu PIB para este sector, verificando-se que os governos africanos têm intensificado os seus esforços para melhorar a infraestrutura e a capacidade de resposta dos sistemas de saúde.
Tal como em outros países da África Subsaariana, em Angola, o aumento crescente das doenças cardiovasculares nas últimas décadas, deve-se primeiramente, ao contexto histórico, em que os investimentos eram alocados essencialmente para as doenças infeciosas, em detrimento das doenças crónicas. Além disso, outros factores, principalmente relacionados com a globalização, alterações no estilo de vida e a urbanização, contribuíram para o quadro actual e seu crescimento.
Como parte das prioridades estabelecidas pelo Governo, tem-se observado um aumento considerável nos investimentos e financiamentos direccionados para a área da saúde, com destaque para o surgimento de unidades Hospitalares avançadas para o controlo e o tratamento de Doenças Cardio-Vasculares, bem como, de campanhas de prevenção e realização de cirurgias.
Ao abrigo dos programas definidos pelo Governo, a Mitrelli tem implementado projectos que priorizam a construção de hospitais modernos, como o Hospital Geral do Bengo, que constitui um marco de transformação, progresso e bem-estar para a comunidade local.
A nossa estratégia inclui uma abordagem holística que considera especificidades locais, tal como as necessidades de cada comunidade e a disponibilidade de recursos, oferecendo instalações equipadas com tecnologia de ponta, com uma gama completa de serviços médicos, incluindo unidades de terapia intensiva, salas de cirurgia modernas, e áreas especializadas para tratamento de doenças crónicas que garantem serviços médicos de excelência a milhares de pacientes.
Mais do que construir hospitais e fornecer equipamentos, a Mitrelli dá o seu contributo para a criação de uma nova narrativa sobre a saúde em Angola, onde se pretende que os cuidados médicos sejam acessíveis em qualquer região do país. Cada projecto de saúde que realizamos é um passo em direcção a um futuro mais saudável e promissor.
Todos concordamos que a adopção de estratégias para desenvolver e fortalecer o sistema de saúde em Angola é um factor não negociável e indispensável para erradicar as vulnerabilidades ainda presentes.
À medida que os países se modernizam, há um maior consumo de alimentos processados e adopção de estilos de vida mais sedentários, sobretudo nas zonas urbanas, que aliados ao stress, resultam em mais obesidade, diabetes e colesterol elevado. Em Angola, a hipertensão, em particular, é o factor de risco mais prevalente no país, e afecta mais de 40% da população de acordo com dados de 2023.
É necessário um compromisso firme dos governos, do sector privado, das organizações internacionais e da sociedade geral, em trabalhar de forma colaborativa para garantir que as futuras gerações possam usufruir de serviços de saúde adequados e abrangentes.
Por outro lado, a promoção do investimento na indústria farmacêutica também tem surgido como solução para satisfazer as necessidades da população crescente, que para além de reduzir a dependência de importações, também contribui para o desenvolvimento, a sustentabilidade e autonomia do sector da saúde no país.
Estas acções têm um impacto directo na luta contra as DCV. Com a disponibilização de instalações de saúde mais avançadas e devidamente equipadas ao alcance de todos, é possível diagnosticar precocemente e tratar de forma mais eficaz condições crónicas como é o caso das doenças cardiovasculares, o que irá resultar numa melhoria da qualidade de vida dos pacientes e eventual redução da taxa de mortalidade.
Conforme avançamos para 2030, reconhecemos que a saúde de uma população, mais do que uma questão individual, é também um reflexo directo da capacidade de uma nação prosperar e inovar. Este é o momento de proteger o futuro reforçando o compromisso de se garantir desenvolvimento e sustentabilidade.
A Mitrelli é um exemplo de como projectos bem planeados e executados podem levar a melhorias significativas na saúde pública e, consequentemente, à redução das taxas de doenças cardiovasculares em Angola. Através da aplicação de tecnologias inovadoras e do investimento contínuo no sector da saúde, é possível erradicar doenças e prevenir epidemias, promovendo a longevidade e o desenvolvimento sustentável das comunidades, rumo ao progresso e à saúde para todos.
Artigo escrito por Zara Pitta Groz, Directora do Sector da Saúde da Mitrelli, publicado na revista Economia & Mercado.