No mês em que reconhecemos o potencial da juventude como motor de desenvolvimento sustentável e garantia de continuidade do futuro da humanidade, é impossível não reconhecer a importância de África considerando que esta é a região com maior índice de população jovem do mundo.
Com uma demografia rica e diversificada, que representa uma vantagem única, África detém um potencial incomparável para impulsionar o desenvolvimento global. Mais de metade da população mundial tem menos de 30 anos e o continente africano deverá chegar a 2050 com uma população maioritariamente jovem, contendo pelo menos 1/3 de todos os jovens de 15 a 24 anos do mundo, segundo a ONU.
Nesta região, a educação é um pilar essencial para capacitar os jovens e torná-los agentes de transformação. Ao oferecer uma educação de qualidade, alinhada às exigências das tendências actuais, é possível dotar os jovens com o conhecimento, as habilidades de pensamento crítico e os valores necessários para enfrentar desafios complexos e promover mudanças significativas.
Nos últimos anos, têm-se observado avanços significativos em relação às tecnologias de informação e comunicação, designadamente ao nível do crescimento das redes de conexão à internet, diminuindo assim as disparidades dentro e entre os países do continente africano. A disponibilidade das tecnologias digitais elimina as restrições de tempo e espaço, revolucionando o processo tradicional de aprendizagem.
Num mundo que se encontra em constante evolução, a literacia digital surge como factor imperativo para o crescimento económico, inovação e progresso social; e o desenvolvimento de competências digitais torna-se fundamental para o sucesso profissional, à medida que nos aproximamos de 2030.
A revolução digital é uma realidade iminente que irá moldar o futuro das gerações vindouras. Os jovens têm estado cada vez mais envolvidos com as tecnologias digitais, demonstrando uma proficiência e potencial notável na adopção de ferramentas de tecnologia, criando uma janela de oportunidades para o combate ao desemprego e desenvolvimento de soluções inovadoras para os problemas locais e mudança social dentro do continente.
De acordo com uma previsão do Banco Mundial, até 2030 haverá 230 milhões de empregos digitais na África Subsariana, que exigirão competências digitais intermédias ou avançadas, bem como, uma literacia financeira e digital básica para todos.
Em Angola, temos testemunhado uma evolução na educação e na transformação digital, potencializando um futuro mais promissor para os jovens, que quando equipados com o conhecimento e as oportunidades necessárias para o seu desenvolvimento, se posicionam como força propulsora fundamental no progresso nacional e global.
A crescente digitalização tem transformado a abordagem da aprendizagem, permitindo o acesso a uma variedade de ferramentas educativas. O país tem investido de forma sustentada na inovação e modernização das instituições educacionais e na implementação de programas de formação técnica e profissional voltados para as novas tendências digitais.
Estas iniciativas, além de melhorarem o acesso a uma educação de qualidade, também preparam a nova geração para aproveitar as oportunidades oferecidas pela economia digital, dentro de um ambiente mais dinâmico e inclusivo.
Na Mitrelli, acreditamos que a educação deve ser um motor de criatividade, inovação e empreendedorismo, enquanto promotoras de práticas éticas e sustentáveis. Para nós, capacitar os jovens é essencial para melhor proveito dos benefícios proporcionados pela nova era digital, bem como para a implementação de estratégias que desenvolvam as competências digitais e apoiem a plena inclusão económica e social de todos os jovens.
Para estimular a literacia digital é necessária uma abordagem multifacetada por parte das instituições educacionais, governos e organizações públicas e privadas. É crucial investir em programas abrangentes de formação de habilidades digitais e promover o acesso à conectividade de forma equitativa. Além disso, é essencial adoptar uma abordagem sensível às questões de género para o desenvolvimento de competências digitais, uma vez que capacitar as jovens mulheres ajuda a colmatar as disparidades de género, permitindo também a promoção de uma economia mais proeminente e dinâmica.
O nosso sector de Educação e Cultura, em colaboração com instituições públicas e privadas, tem criado condições para a capacitação de jovens para o acesso ao mercado de trabalho, através de iniciativas que integram a formação vocacional e profissional (TVET). Por exemplo, ao nível dos centros de formação e das Cidadelas de Jovens de Sucesso, e da implementação de projectos caracterizados pela tecnologia e inovação como o Centro de Ciência de Luanda.
Este Centro, que ocupa uma área total de cerca de 20.000 m², destaca-se como infraestrutura de referência para o progresso e inovação tecnológica e científica, tendo como principal objectivo promover a aquisição de conhecimento em diversas disciplinas e impulsionar o desenvolvimento das competências digitais de modo a facilitar o desenvolvimento tecnológico e o crescimento da sociedade em geral, com foco especial no público jovem.
Este mês, ao comemorarmos o dia Internacional da Juventude, sob o tema “Dos Cliques ao Progresso: Percursos Digitais da Juventude para o Desenvolvimento Sustentável”, reconhecemos que apenas através da educação e capacitação digital dos jovens é possível alcançar o ODS 8 (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 8). Para construir uma África inclusiva e digitalmente capacitada, é fundamental garantir um futuro em que todos os jovens africanos tenham as competências e as ferramentas necessárias para prosperar na era digital e contribuir para o desenvolvimento sustentável das suas comunidades e do continente.
A Mitrelli através do seu sector de Educação e Cultura, enquanto empresa a operar em África e para África, tem o seu foco na concepção e implementação de projectos que contribuam para o progresso e bem-estar das gerações presentes e futuras, e por isso, as soluções no digital tomam um lugar de destaque no universo dos projectos que desenvolvemos.
Artigo escrito por António Cruz, Director do Sector de Educação e Cultura, publicado na revista Economia & Mercado.
